A cada ano, todo investidor quer saber quais serão os ativos mais rentáveis para os próximos meses. Sendo assim, os especialistas da EQI Investimentos, Valter Manfro, head de operações estruturadas e Denys Wiese, head de renda fixa, fazem uma análise das projeções econômicas, no Brasil e no mundo, e apontam como o investidor pode se preparar para elas. Mas, antes de “cravar” os três melhores investimentos em 2023, uma boa estratégia é olhar para o passado. Dessa forma, os heads da EQI convidam o investidor a observar a rentabilidade de alguns dos principais ativos entre 2011 e 2021 e a compreender o que esse histórico diz.
São eles:
- Fundos Imobiliários (FIIs);
- IPCA+;
- Dólar;
- Ouro;
- CDI;
- Multimercados;
- S&P 500 (índice das 500 principais empresas dos Estados Unidos);
- Small caps do Brasil;
- Ibovespa.
Para ficar mais fácil de compreender a tabela, os ativos mais voláteis figuram mais nas extremidades, com rendimentos muito bons ou muito ruins. Já os investimentos mais estáveis se concentram mais ao meio, apresentando performances medianas.
Performance dos ativos: o que aprendemos nos últimos 11 anos?
“Fica evidente no levantamento acima que o melhor investimento de um ano, pode vir a ser o pior em outro”, observa Manfro. Conforme esse histórico, para ele, o objeto de análise do investidor deve sempre partir do princípio de que “não existe o ‘melhor investimento’, aquele que tem um bom desempenho em todos os anos”, conclui.
Como saber se um investimento é bom?
Conforme explica Manfro, ainda considerando a tabela acima, dentre os investimentos que foram considerados as melhores alternativas em rentabilidade, a média da performance ficou em 32,9%.
Já entre aqueles que não foram considerados nem o melhor ou pior, a média girou na casa dos 9,32%.
Mas, seria possível encontrar atualmente investimentos com rendimentos acima da média, isto é, acima dos 9,32%?
O head da EQI sinaliza que sim: “Com a situação atual da economia brasileira dá para conseguir essa rentabilidade de uma forma bem fácil”, comenta.
2023: inflação alta mundialmente
Valter Manfro lembra que os juros nos EUA estão ainda em uma escala ascendente. Isso está acontecendo para conter os efeitos pós-pandemia, que levaram a inflação americana ao pico de 9,1% ao ano no mês de junho de 2022.
Contudo, a pressão inflacionária vem cedendo nos últimos meses, o que, segundo Manfro, é um bom sinal, pois tende a fazer o juro americano diminuir. No entanto, ainda é incerto quando poderia começar um ciclo de queda de juros.
O Fomc, órgão ligado ao Fed (Banco Central americano), em sua reunião de dezembro de 2022 (última do ano) decidiu elevar a taxa de juros dos EUA em 0,50 ponto percentual – seguindo as projeções de mercado – para o intervalo entre 4,25% a 4,50%.
A inflação continua sendo a principal preocupação do comitê, que está focado em levar a inflação norte-americana ao nível aceitável de 2%.
O presidente do Fed, Jerome Powell, já confirmou que os níveis restritivos dos juros continuarão até que a inflação passe a cair de forma sustentada.
“O governo americano não deve diminuir o juro por enquanto, visto que foi cometido um erro grave na década de 1970, que ele não vai querer repetir agora, que é reduzir o juro cedo demais. Por isso, eles vão esperar um pouco mais, quando a inflação der sinais de perda de forças”, explica Manfro.
Juros altos: ativos de risco saem do foco e olhos se voltam para a renda fixa
O especialista EQI explica que nesse cenário, os ativos de risco, como a bolsa e as criptomoedas são prejudicados. “Desde a elevação do juro, esses ativos desabaram, pois o investidor passa a ganhar mais dinheiro na renda fixa, sem correr risco de um cenário deteriorado da renda variável”, observa.
Outra coisa que afeta negativamente os ativos de risco é o fato de os juros maiores afetarem o poder de financiamento das empresas, que precisam desembolsar mais dinheiro para pegar crédito.
“Consequentemente, as companhias terão menos lucros ou até mesmo prejuízos. Isso acaba derrubando os preços das ações nas bolsas de valores”, ressalta.
Juros nos EUA e os impactos nos investimentos brasileiros
Os Bancos Centrais do mundo todo olham para o juro americano para guiar a sua política monetária, explica Valter Manfro.
O especialista ressalta que se o juro americano deve permanecer alto, o juro do Brasil também continua alto. Isso porque investir no Brasil passa a ficar mais arriscado do que aplicar dinheiro em um país de primeiro mundo.
“Assim, quando o investidor aplica em algo arriscado, o mercado precisa de um prêmio maior, ou seja, mais rendimentos. Se a relação risco e retorno começa a ficar ruim, ninguém mais investe neste país. Por isso, o Brasil não vai conseguir colocar um juro de 6% ao ano, enquanto nos Estados Unidos continuar no patamar de 4%”, adverte Manfro.
“Lá fora, o Fed, está sendo bastante austero e está prometendo fazer o juro cair só em 2024. O juro alto por lá não permite que aqui caia muito”, complementa o head de renda fixa da EQI Investimentos, Denys Wiese.
Juros altos no Brasil em 2023: até quando?
Conforme a EQI Asset, a projeção para a taxa básica de juros em 2023 é de 11,50% a.a., com cortes somente a partir de agosto, em um ritmo de 50 pontos-base. Com isso, em 2024, ela deve recuar para 10%. Tais projeções econômicas levaram em consideração questões como estímulos fiscais e um possível aumento dos gastos governamentais ao longo do ano.
Quais são os três melhores investimentos para 2023?
Considerando o cenário de juros no Brasil, Valter Manfro destaca três investimentos em renda fixa que tendem a performar acima da média:
- Renda Fixa CDI;
- Pré-fixados;
- Renda Fixa IPCA.
“Segundo a EQI Asset, a Selic pode cair de 13,75% ao ano para 11,5% no final de 2023. Só que hoje, é possível adquirir CDB Prefixado de 15% ao ano e título público com IPCA + 6% ao ano. Para quem optar por um investimento atrelado ao CDI, há alternativas de crédito privado de CDI mais 4,5% ao ano”, aponta Manfro.
O estrategista em renda fixa, Denys Wiese, concorda: “Acho prudente para o investidor comprar IPCA+. pois com um governo que tende a ser mais ‘gastador’ e diante de um risco fiscal, a inflação para daqui a um ou dois anos, deve aumentar”, destaca.
“Os pré-fixados são importantes, porque por mais que o governo venha a piorar os gastos, o fato é que estamos mais no final do ciclo de aperto monetário do que no início. Se a taxa de juros começar a cair ano que vem, os pré-fixados são aqueles que irão se beneficiar disso tudo”, complementa Wiese.
Diante da incerteza, entre pré e pós-fixados e IPCA+, Wiese é categórico, é preciso ter as três classes na renda fixa. “Não dá pra colocar tudo na mesma cesta. Isso porque, realmente, a gente não sabe o que virá pela frente. Sendo assim, o investidor também pode comprar pós-fixados para aproveitar os juros, que já estão bastante altos”, pondera.
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